
Que palavras foram essas? Contextualizemos. Um jovem rico aproximou-se do Senhor Jesus Cristo e, aparentando ser portador de vivo interesse pelo destino eterno da sua alma, “perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Lucas 18.18b). Jesus respondeu-lhe que observasse os mandamentos da lei de Deus e os cumprisse.
Não se dando conta de que a lei de Deus, ao ser projetada em seu coração, revelaria a profunda miserabilidade nele imperante e a sua absoluta inabilidade para prover redenção para si mesmo, o jovem rico, cheio de justiça própria, arrematou: “tudo isso tenho observado desde a minha juventude” (Lucas 18.21b). Referia-se ele aos mandamentos para não adulterar, não matar, não furtar, não proferir falso testemunho, honrar o pai e a mãe, dentre outros presentes no decálogo divino.
Diante da presumida autossuficiência do abastado jovem, Jesus deu o golpe final em suas malogradas pretensões de conquistar o céu por seus supostos merecimentos: “Uma coisa ainda te falta: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me” (Lucas 18.22b).
O jovem, então, rapidamente, transitou da autoconfiança e da soberba espiritual para o desânimo, num átimo de tempo e, porque era detentor de alentados recursos financeiros, “ficou muito triste, porque era riquíssimo” (Lucas 18.23b). Como se observa, o jovem rico, que se vangloriava de ser um guardador fiel de toda a lei de Deus, foi sumariamente reprovado, logo ao ser confrontado com o primeiro mandamento, no qual somos exortados a não abrigar em nossos corações nenhum ídolo que, indevidamente, teime em roubar a glória e o louvor somente a Deus devidos.
Jesus Cristo finaliza o diálogo com o jovem rico, sentenciando: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Porque é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus” (Lucas 18.25). Ilustra Jesus aqui, exemplarmente, a incontestável verdade, segundo a qual a salvação reside unicamente, indisputavelmente, na superabundante graça de Deus, jamais na pseudocapacidade do homem em salvar-se a si mesmo, por meio de fazeres que o tornem meritório aos olhos do Senhor.
Demonstrando completo desconhecimento da Escritura Sagrada, o ex-mandatário máximo da república brasileira atribuiu aos homens o que, na verdade, foi e é uma palavra de Deus proferida por seu Filho Jesus Cristo, que também é Deus. Disse mais o ex-Presidente Lula. Disse que não queria o céu que vem depois da morte, para os filhos de Deus, obviamente, mas sim o céu aqui na terra, traduzido por uma vida de absoluto fausto e ausência plena de qualquer privação material.
A Escritura Sagrada é pródiga, ao tratar de pessoas que raciocinam assim, de modo tão desconectado dos verdadeiros valores do reino de Deus. Referindo-se a um homem muito rico, que elegeu como projeto existencial mais privilegiado o comer, o beber, o folgar e o regalar-se, expressões próprias de quem faz do culto desmedido aos prazeres o seu inarredável estilo de vida, Jesus Cristo o admoestou de maneira solene e tremendamente séria: “Louco! Esta noite te pedirão a tua alma e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas 12.20b). Procede, de igual modo, do Filho de Deus, a lancinante indagação: “De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”.
O popular político brasileiro certamente nunca parou para meditar nessas palavras. Também não cogitou da realidade de muitos que, embora abarrotados de dinheiro por todos os lados, já começaram a experimentar, aqui e agora, o parcial inferno de vidas destroçadas, mergulhadas no abismo sem fim do sedutor e mortífero pântano do pecado. Corações vazios, sem paz, “sem esperança e sem Deus no mundo”, como pontua o apóstolo Paulo na epístola que endereçou à comunidade da cidade de Éfeso. Que o digam as celebridades cujo mundo de fama, glamour e ostentação em que vivem não passa de frágeis disfarces para o atroz flagelo espiritual que as consome no tempo e que as consumirá, para sempre, na eternidade, a menos que, confrontadas com a desafiadora mensagem do evangelho, arrependam-se dos seus pecados e unam-se a Cristo num ato de fé e irrestrita confiança na sua pessoa e no sacrifício salvífico que, graciosamente, Ele realizou no calvário em favor do seu povo.
Das insensatas palavras proferidas pelo ex-Presidente Lula fica, dentre outras coisas, uma lição digna de ser aprendida. Como bem falou Jesus Cristo, ao corrigir equivocadas concepções teológicas exponenciadas pelos saduceus: “Errais não conhecendo as Escrituras e não o poder de Deus”. A advertência escriturística vale para Lula, para mim e, por extensão, para todos os seres humanos. Que Deus nos livre da incúria bíblica e que, como o salmista, possamos dizer acerca da Palavra de Deus: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Salmo 119.97). SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER.
Por Prof. José Mário da Silva
Docente da UFCG e Presbítero da Igreja Presbiteriana de Campina Grande
Muito bom o seu blog, estive a percorre-lo li alguma coisa, porque espero voltar mais algumas vezes,
ResponderExcluirdeu para perceber a sua dedicação em partilhar o seu saber.
Se me der a honra de visitar e ler algumas coisas no Peregrino e servo ficarei radiante.
E se gostar e desejar comente.
Como já estamos perto do Natal, desejo-lhe um Natal Feliz e cheio de paz e saúde.
Que Deus vos abençõe e guarde.
António.
http://peregrinoeservoantoniobatalha.blogspot.pt/